segunda-feira, 30 de março de 2015

"Cuidar dos Pais"

«A minha mãe é a minha filha. Preciso de lhe dizer que chega de bolo de chocolate, chega de café ou de andar à pressa. Vai engordar, vai ficar eléctrica, vai começar a doer-lhe a perna esquerda.

Cuido dos seus mimos. Gosto de lhe oferecer uma carteira nova e presto muita atenção aos lenços bonitos que ela deita ao pescoço e lhe dão um ar floral, vivo, uma espécie de elemento líquido que lhe refresca a idade. Escolho apenas cores claras, vivas. Zango-me com as moças das lojas que discursam acerca do adequado para a idade. Recuso essas convenções que enlutam os mais velhos. A minha mãe, que é a minha filha, fica bem de branco, vermelho, gosto de a ver de amarelo-torrado, um azul de céu ou verde. Algumas lojas conhecem-me. Mostram-me as novidades. Encontro pessoas que sentem uma alegria bonita em me ajudar. Aniversários ou Natal, a Primavera ou só um fim-de-semana fora, servem para que me lembre de trazer um presente. Pais e filhos são perfeitos para presentes. Eu daria todos os melhores presentes à minha mãe.

Rabujo igual aos que amam. Quando amamos, temos urgência em proteger, por isso somos mais do que sinaleiros, apontando, assobiando, mais do que árbitros, fiscalizando para que tudo seja certo, seguro. E rabujamos porque as pessoas amadas erram, têm caprichos, gostam de si com desconfiança, como creio que é normal gostarmos todos de nós mesmos. Aos pais e aos filhos tendemos a amar incondicionalmente mas com medo. Um amigo dizia que entendeu o pânico depois de nascer o seu primeiro filho. Temia pelo azedo do leite, pelas correntes de ar, pelo carreiro das formigas, temia muito que houvesse um órgão interno, discreto, que disfuncionasse e fizesse o seu filho apagar. Quem ama pensa em todos os perigos e desconta o tempo com martelo pesado. Os que amam sem esta factura não amam ainda. Passeiam nos afectos. É outra coisa.

Ficar para tio parece obrigar-nos a uma inversão destes papéis a dada altura. Quase ouço as minhas irmãs dizerem: não casaste, agora tomas conta da mãe e mais destas coisas. Se a luz está paga, a água, refilar porque está tudo caro, há uma porta que fecha mal, estiveram uns homens esquisitos à porta, a senhora da mercearia não deu o troco certo, o cão ladra mais do que devia, era preciso irmos à aldeia ver assuntos e as pessoas. Quem não casa deixa de ter irmãos. Só tem patrões. Viramos uma central de atendimento ao público. Porque nos ligam para saber se está tudo bem, que é o mesmo que perguntar acerca da nossa competência e responsabilizar-nos mais ainda. Como se o amor tivesse agentes. Cupidos que, ao invés de flechas, usam telefones. E, depois, espantam-se: ah, eu pensei que isso já tinha passado, pensei que estava arranjado, naquele dia achei que a doutora já anunciara a cura, eu até fiz uma sopa, no mês passado até fomos de carro ao Porto, jantámos em modo fino e tudo. 

Quando passamos a ser pais das nossas mães, tornamo-nos exigentes e cansamo-nos por tudo. Ao contrário de quem é pai de filhas, nós corremos absolutamente contra o tempo, o corpo, os preconceitos, as cores adequadas para a idade. Somos centrais telefónicas aflitas. 

Queremos sempre que chegue a Primavera, o Verão, que haja sol e aqueçam os dias, para descermos à marginal a ver as pessoas que também se arrastam por cães pequenos. Só gostamos de quem tem cães pequenos. Odiamos bicharocos grotescos tratados como seres delicados. O nosso Crisóstomo, que é lingrinhas, corre sempre perigo com cães musculados que as pessoas insistem em garantir que não fazem mal a uma mosca. Deitam-nos as patas ao peito e atiram-nos ao chão, as filhas que são mães podem cair e partir os ossos da bacia. Porque temos bacias dentro do corpo. Somos todos estranhos. Passeamos estranhos com os cães na marginal e o que nos aproveita mesmo é o sol. A minha mãe adora sol. Melhora de tudo. Com os seus lenços como coisas líquidas e cristalinas ao pescoço, ela fica lindíssima. E isso compensa. Recompensa. 

Comemos o sol. Somos, sem grande segredo, seres que comem o sol. Por isso, entre as angústias, sorrimos.»

VALTER HUGO MÃE em "Público"

[...palavras do Valter Hugo Mãe que são, também, minhas...]

sexta-feira, 27 de março de 2015

Dia Nacional do Dador de Sangue


[Campanha de Promoção da Dádiva de Sangue 2014 
do Instituto Português do Sangue e da Transplantação]

segunda-feira, 23 de março de 2015

"oooh [ohhh!] Johnny Johnny oooh..." *


«You get to a certain point -gratefully- when you're out of your twenties, and you realize how fleeting life is. So, it becomes important to feel as if the people in your life know exactly how you feel about them at all times.» - JOHNNY GALECKI

[eu confesso que tenho que tentar dizer mais vezes às pessoas de quem gosto que gosto delas... mas se me faltam as palavras, sobram os abraços - eu sou um pouco "teletubbie"...]

* frase da canção "Goodbye Lucille" (1985) da banda britânica Prefab Sprout.

sexta-feira, 20 de março de 2015

...


"Ma vie, ma vie, ma très ancienne 
(A minha vida, a minha vida, a minha mais antiga) 
Mon premier vœu mal refermé 
(O meu primeiro desejo mal encerrado) 
Mon premier amour affirmé 
(O meu primeiro amor declarado) 
Il a fallu que tu reviennes 
(Faz falta que regresses) 
Il a fallu que je connaisse 
(Faz falta que eu conheça) 
Ce que la vie a de meilleur 
(O que a vida tem de melhor) 
Quand deux corps jouent de leur bonheur 
(Quando dois corpos brincam com a sua felicidade) 
Et sans fin s'unissent et renaissent 
(E sem fim se unem e renascem) 
Entrer en dépendance entière 
(Entrar em completa dependência) 
Je sais le tremblement de l'être 
(Eu conheço o tremor do ser) 
L'hésitation à disparaître 
(A hesitação desapareceu) 
Le soleil que frappe en lisière 
(O sol que bate na orla) 
Et l'amour où tout est facile 
(E o amor onde tudo é fácil) 
Où tout est donné dans l'instant 
(Onde tudo é dado no momento) 
Il existe au milieu du temps 
(Existe no meio do tempo) 
La possibilité d'une île. 
(A possibilidade de uma ilha)." 
(CARLA BRUNI - "la possibilité d'une île")

segunda-feira, 16 de março de 2015

...

«I have a recurring dream. In it, there are two young girls with long brown hair floating over my bed. They wear gauzy, white nightgowns that fall loosely around pale legs and delicately pointed bare feet. I lie on my back beneath the covers watching them hover. They are lovely creatures, and I am not afraid; I am mesmerized, and I long to join them because they are cloaked by soft light, graceful and pure. (…) And then the dream changes. The girls hover closer, and their mouths open into cavernous, yawning black holes. Suddenly, all I can see is darkness. All I can hear is the roar of a vast ocean. I am cold; I am afraid; I am alone. I know that the blackness will swallow me whole, but my bones are leaden and I cannot move from my bed. I try to call out for help, but the scream catches in my throat. The terror tastes like salt and blood. And then the dream shifts. I see tiny bursts of color flutter out of the darkness. The girls drift overhead; I am still shrouded by the void, but sapphire, ruby, and amber-colored butterflies with transparent wings dart at the edge of vision… first one, then two, then many more. They look like stained glass-delicate, fragile, and breathtaking. The black begins to recede. (…) Sometimes in my dream, fear paralyzes me, and I cannot reach for the girls' hands. The darkness grows again, and I am swallowed and wake gasping for air, my hair drenched with sweat, my heart skipping and racing and grasping. I feel lost then and lonely in my failure. I feel like a child, a teenager, a young woman who never had the opportunity to control her destiny and learned nothing from the years of frustration, confusion, and desolation. I see the ghostlike girls fade from my vision and their almond-shaped eyes fill with regret.» 

in "Letters to a Young Gymnast" – Nadia Comaneci

sexta-feira, 13 de março de 2015

Sexta-Feira 13... (não há uma sem duas!)


[gosto de sextas-feiras, do número 13 e de gatos pretos!]

segunda-feira, 9 de março de 2015

...

«There comes a point when it becomes too much, when we get too tired to fight anymore. So we give up. That's when the real work begins, to find hope where there seems to be absolutely none at all.» 

Meredith Grey (Ellen Pompeo) 
in "Grey’s Anatomy" (S8 E12)

sexta-feira, 6 de março de 2015

O drama! A tragédia! O horror! (adenda)


«The actor, who sacrificed his golden tendrils for his new role in "Suicide Squad", toyed with our heartstrings by posting rather cryptic photos of his short hair and clean-shaven face — but on Thursday [yesterday], he made quite the showing of his new look. Leto was nearly unrecognizable in a velvet blazer, white turtleneck and aviator shades at Paris Fashion Week. Excuse us while we mentally process this drastic change.» in Hollywood Reporter

Não sei se ria ou se chore (ou 'ambas as duas'!)... Só sei que comecei a ouvir a voz do Michael Hutchence a cantar "suicide blonde"...

quarta-feira, 4 de março de 2015

O drama! A tragédia! O horror!


Aiii o JARED LETO cortou o cabelo!!! 
E também a barba!!! 

Mas ele é giro na mesma!
Come to GATA! Come!

[Foto: instagram.com/jaredleto]

segunda-feira, 2 de março de 2015

50º Aniversário de "Música no Coração"


Em 2 Março de 1965, no Rivoli Theater em Nova Iorque, estreou o filme "Música no Coração" (Sound of Music, no original) realizado por Robert Wise e interpretado por Julie Andrews e Christopher Plummer.

Em 18 de Abril de 1966, na 38ª edição da cerimónia dos Oscars, o filme ganhou 5 prémios: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Montagem, Melhor Som e Melhor Banda Sonora.

O filme é uma adaptação do musical da Broadway (que estreou em 1959 e ganhou 5 Tonys, os prémios do teatro da Broadway), que é baseado no livro "The Story of the Trapp Family Singers" de Maria von Trapp.

Eu, que adoro cinema e música e sou fã de musicais, vi o filme '321' vezes e sei as canções todas de cor! Claro que tenho o DVD do filme e o CD da banda sonora!

E se um jovem (e fardado) Christopher Plummer aparecesse na minha porta... eu convidava-o para entrar e dançar comigo uma valsa vienense, e cantar baixinho no meu ouvido «Edelweiss, Edelweiss / every morning you greet me...»