sexta-feira, 3 de julho de 2015

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«Eu quero desaprender, quero não saber, 
queria mesmo não saber ler nem escrever 
a minha própria língua. 
Eu sei lá o que queria!
Não faça caso do meu mau humor de hoje: 
a pantera está rabugenta e tem agora, 
neste mesmo momento 
em que a noite se vai cerrando, 
a nostalgia das clareiras das suas florestas 
onde a esta mesma hora acordava, 
se espreguiçava, 
lançava o seu rugido e, de rins flexíveis, 
esbelta como uma onda, 
lá ia em busca de presa ou de amor...»

"Nostalgia"
Correspondência (1930)
- FLORBELA ESPANCA -